segunda-feira, 11 de abril de 2011

Domingo de Ramos – Entrada Triunfal de Jesus em Jerusalém. (Mateus 21.1-11)

Começa a Semana Santa, e recordamos a entrada triunfal de Cristo em Jerusalém. Escreve São Lucas: Chegando perto de Betfagé e de Betânia, junto do monte chamado das Oliveiras, Jesus enviou dois dos seus discípulos e disse-lhes: “Ide a essa aldeia que está defronte de vós. Entrando nela, achareis um jumentinho atado, em que nunca montou pessoa alguma; desprendei-o e trazei-mo. Se alguém vos perguntar por que o soltais, responder-lhe-eis assim: O Senhor precisa dele. Partiram os dois discípulos e acharam tudo como Jesus tinha dito.
Que pobre montaria escolhe Nosso Senhor! Talvez nós, envaidecidos, tivéssemos escolhido um brioso corcel. Mas Jesus não se guia por razões meramente humanas, mas por critérios divinos. Assim, neste acontecimento — explica São Mateus — cumpria-se o oráculo do profeta: “Dizei à filha de Sião: Eis que teu rei vem a ti, cheio de doçura, montado numa jumenta, num jumentinho, filho da que leva o jugo.
Jesus Cristo, que é Deus, se contenta com um burrinho como trono. Nós, que não somos nada, nos mostramos com freqüência vaidosos e soberbos: procuramos sobressair, chamar a atenção; queremos que os outros nos admirem e nos louvem. São Josemaría Escrivá, canonizado por João Paulo II, se afeiçoou por esta cena do Evangelho.
Dizia de si mesmo que era um burrinho sarnento, que não valia nada; mas, como a humildade é a verdade, reconhecia também que era depositário de muitos dons de Deus; especialmente, da tarefa de abrir caminhos divinos na terra, mostrando a milhões de homens e de mulheres que podem ser santos no cumprimento do trabalho profissional e dos seus deveres cotidianos.
Jesus entra em Jerusalém sobre um burrinho. Temos de tirar conseqüências desta cena. Cada cristão pode e deve converter-se em trono de Cristo. E aqui vêm como um anel ao dedo umas palavras de São Josemaría: Se a condição para que Jesus reine em minha alma, na tua alma, fosse contar previamente com um lugar perfeito dentro de nós, teríamos motivos para desesperar. No entanto, acrescenta, Jesus contenta-se com um pobre animal por trono. Há centenas de animais mais belos, mais hábeis e mais cruéis. Mas Cristo escolheu esse para se apresentar como rei diante do povo que o aclamava. Porque Jesus não sabe o que fazer com a astúcia calculista, com a crueldade dos corações frios, com a formosura vistosa mas oca. Nosso Senhor ama a alegria de um coração jovem, o passo simples, a voz sem falsete, os olhos limpos, o ouvido atento à sua palavra de carinho. É assim que reina na alma.
Deixemos que ele tome posse dos nossos pensamentos, palavras e ações! Lancemos fora, sobretudo, o amor próprio, que é o maior obstáculo ao reinado de Cristo! Sejamos humildes, sem apropriar-nos de méritos que não são nossos. Imaginais como teria ficado ridículo o burrinho, se se tivesse apropriado dos vivas e aplausos que as pessoas dirigiam ao Mestre?
Comentando esta cena evangélica, João Paulo II recorda que Jesus não concebeu a sua existência terrena como busca do poder, como corrida ao sucesso e desejo de fazer carreira, como vontade de domínio sobre os outros. Ao contrário, Ele renunciou aos privilégios da sua igualdade com Deus, assumiu a condição de servo tornando-se semelhante aos homens, obedeceu ao projeto do Pai até à morte na Cruz (Homilia, 8-IV-2001).
O entusiasmo das multidões não costuma ser duradouro. Poucos dias depois, os que o haviam acolhido com aplausos pedirão a brados a sua morte. E nós, deixar-nos-emos levar por um entusiasmo passageiro? Se notamos, nestes dias, o farfalhar divino da graça de Deus, que passa ao nosso lado, acolhamo-lo em nossas almas. Estendamos no caminho, mais do que palmas ou ramos de oliveira, os nossos corações. Sejamos humildes. Sejamos mortificados. Sejamos compreensivos com os outros. Esta é a homenagem que Jesus espera de nós.
A Semana Santa nos oferece a ocasião de reviver os momentos fundamentais da nossa Redenção. Mas não esqueçamos que — como escreve São Josemaría — «para acompanharmos Cristo na sua Glória, no fim da Semana Santa, é necessário que participemos antes do seu holocausto, e que nos identifiquemos com Ele, morto no Calvário». Para isso, nada melhor que caminhar de mãos dadas com Maria. Que Ela nos obtenha a graça de que estes dias deixem uma marca profunda nas nossas almas. Que sejam, para cada uma e para cada um, ocasião de aprofundar no Amor de Deus, para poder, assim, mostrá-lo aos outros.

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