segunda-feira, 11 de abril de 2011

Sábado de Aleluia – Sepultamento de Jesus. (Mateus 27. 57-66)

Para muitos, o Sábado de Aleluia é apenas um dia de faxina ou de preparação para a Páscoa. No entanto, esse dia sem liturgia tem um significado espiritual próprio. Jesus morreu por nós, e permaneceu três dias no sepulcro. Assim, também deveríamos nos dedicar com plena consciência ao teor espiritual desse dia. Isso acontece melhor em meio ao silêncio, quando nos posicionarmos quanto à verdade e à situação sepulcral de nós mesmos.
Cristo desceu ao reino da morte, ao Hades, o reino das sombras. Podemos imaginar como Jesus desce aos cantos tenebrosos de nossa própria existência. O que excluimos da vida? Quais os lugares para os quais não gostamos de olhar? Onde foi que tratamos de recalcar alguma coisa, empurrar algo para as câmaras escuras de nossas almas? Para onde nos negamos a olhar? O que pretendemos esconder de nós mesmo, dos outros e de Deus? Jesus propõe-se descer exatamente a esses rincões da morte e da escuridão, para mexer em tudo o que há de escuro e rançoso em nós, tudo o que há de mortiço e entorpecido, e então despertar-nos para a vida.
Os ícones da Igreja oriental sempre representam a ressurreição de Jesus com Cristo subindo do reino dos mortos, trazendo consigo os mortos pela mão. No dia de Sábado de Aleluia vamos permiti que Cristo desça até o nosso reino dos mortos, para que tome todos os mortos pela mão, inclusive o que há de morto em nós mesmos, e nos reconduza à luz, a fim de despertar-nos para a vida.
Cristo esteve no sepulcro. Assim, o Sábado de Aleluia convida-nos a olhar para nossa própria situação sepulcral. O que nos caberia enterrar? Que feridas em nossas histórias de vida precisam ser enterradas de uma vez por todas? Quando sepultamos todas as ofensas, paramos de usá-las como armas para agredir as outras pessoas. Não as carregaremos mais em nós mesmo, como se fossem uma recriminação tácita aos que feriram em algum momento. Com isso, podemos descartar nossas mágoas, nossos ressentimentos e nossas irritações. Não precisamos de mais nada disso como pretexto para justificar nossa recusa a olhar a vida de frente.
Pretendemos sepultar também os sentimentos de culpa que consomem e dos quais não consigamos nos afastar. Precisamos ter confiança em que Cristo também desceu ao nosso sentimento de culpa e a todo martírio interno que impomos a nós mesmo, com auto-acusações; e desceu até aí para libertar-nos. Quando paramos de andar em círculos em torno de nossas culpas, aí sim realmente podemos despertar para a vida nova.
No Sábado de Aleluia descemos até nossos próprios sepulcros e imaginamos de que forma Cristo repousa lá, a fim de trazer tudo o que lá está para uma nova vida. Cristo desceu ao sepulcro de nossos medos, nossas resignações, nossas autocompaixões e nossas morbidezes, a fim de salvar-nos e transformar-nos no mais fundo de nossas almas. Para ressuscitar na Páscoa como pessoas salvas e libertas, precisamos ter a coragem de meditar acerca de nossos sepulcros e de sepultar tudo o que nos distancia da vida.

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