Vocação à Vida religiosa franciscana

“A palavra vocação qualifica muito bem a relação de Deus com cada ser humano; moda vida é vocação”.

Nada melhor que começar uma reflexão sobre vocação, motivado pela inspiração original ou protótipo de vida no qual todos nós franciscanos nos espelhamos: Francisco de Assis. No que diz respeito ao ponto de partida de toda e qualquer itinerário religioso é necessário compreender que toda vocação é um chamado de Deus, um Deus que chama por meio de pessoas que viveram de forma apaixonada o Evangelho de Cristo. O chamado de alguém, compreende um empenho autentico que evolve toda a pessoa e todos os aspectos e momentos da vida, caracterizado como um abandono filial a

Deus Criador.

Com base na pessoa de Francisco de Assis, recordamos que foi na juventude que iniciou seu percurso de fé, inspirado pelo ardente desejo de mudança, de inspirações maiores, de sonhos, diante desse fato, podemos afirmar: “se sonharmos coisas grandes, coisas grandes seremos”, de fato, Francisco, foi uma pessoa que sonhou alto, sonhou com grandes coisas; uma pessoa que buscava respostas para seus anseios e desejos com base em sua vida futura, e, que se perguntava sem cessar “Senhor, que queres que eu faça?”. A resposta a esta celebre pergunta, Francisco encontra no Evangelo, na proposta de Cristo, fonte de salvação e humildade. Resposta encontrada ainda no abraço da pessoa que sofre, “o leproso”, no abandonado, na radical busca de mudança, no questionamento. Depois de um longo percurso, Francisco encontra “o Bem, o sumo Bem”, o grande amor sonhado em sua juventude, a grande e total resposta: Cristo pobre e ressuscitado.

A grande beleza do carisma e do ser franciscano, se incontra na simplicidade de sua proposta, está na pureza de seus ideais e na leveza de suas palavras. A vocação à vida religiosa franciscana é um modo especial de seguir Cristo nas pegadas do poverello de Assis. Falando em primeira pessoa, o que me fez apaixonar-me por tal ideal, por tal proposta de vida foi a simplicidade, a humildade, o amor reciproco, o respeito mútuo, a fraternidade. Francisco viveu uma intensa relação de fraternidade com Cristo, o que fez dele um dom gratuito para seus irmãos. Ele recomenda aos frades: “Sejam irmãos entre si”. No inicio da minha vocação, ao me encontrar no meio de jovens que se chamavam de irmãos, que ao se encontrarem desejavam um ao outro a Paz e o Bem, que testemunhavam o carisma franciscano com naturalidade, com simplicidade, por meio de gestos e de coisas simples, esta forma de comportar-se, foi favorável na minha vida, foi o apogeu da minha vocação, oriunda da famosa Juventude Franciscana. No momento atual, posso dizer com lucidez e audácia que o berço da minha vocação foi a JUFRA, principal responsável pelo meu enamorar-se pela vida franciscana, responsável por minha nova opção de vida. Foi na JUFRA que descobri que é por meio da fraternidade e da irmandade que se consegue alcançar a criatividade para melhor seguir a Cristo vivendo o presente com paixão.

Passados os anos, tenho plena certeza que tudo aquilo que adquiri na JUFRA, é por mim considerado valor universal, creio ainda que no momento presente o objetivo primeiro de um jufrista é manter vivo o ideal franciscano, é inspirar outros jovens a beber desta fonte inesgotável, é promover a paz e o bem. Hoje sou um frade, com uma grande tarefa: ser dom gratuito de Deus aos irmãos; renunciar todas as minhas vontades pessoais, todos os meus quereres, e passar a querer somente uma unica coisa: fazer a vontade de Deus, sendo consciente ainda que ser portador do amor cordial é ser herdeiro da real sagacidade.

Por fim, termino este texto com as mesmas palavras de Maria quando disse “Sim” ao anjo: “Grande coisa fez por mim o onipotente”, direi ainda que ser Jufrista não é uma questão de necessidade, é uma questão de conveniência.

“Considerando que o amor não tem preço, sou disposto a tudo para conseguir um pouco. Considerando que o amor não tem preço, pagarei oferecendo todo o amor que tenho”. Jovanotti

Fr. Israel Cardoso, Ofm